Borboletas

22 de out. de 2011

O JOGO E A APRENDIZAGEM

            Muitos autores utilizam a palavra jogo para se referir ao brincar, a atividade lúdica infantil. Os jogo e brincadeiras como recurso didático, são aplicados com o objetivo de introduzir as crianças no mundo da aprendizagem, exercendo um papel fundamental no desenvolvimento infantil, estimulando a inteligência e desenvolvendo a criatividade e a imaginação, sendo uma necessidade para a criança, tão importante quanto o trabalho para o adulto.

             Através do jogo acontece a criatividade, a imitação. Os jogos ensinam a socializar-se, a respeitar regras e limites. Nas brincadeiras elas imitam os adultos e expõem seus sentimentos, tanto de alegria quanto de tristeza. Gastam suas energias aprendendo e se desenvolvendo. Os jogos e brincadeiras permitem que a criança desenvolva suas capacidades de uma forma divertida e sem imposições, elas têm que seguir regras, mas ao mesmo tempo vão descobrindo outros caminhos e traçando estratégias criadas por elas mesmas, tornando-se sujeito das brincadeiras.

Os jogos ajudam a criança a entender que devem respeitar o espaço do outro e esperar a sua vez, entendem que as regras devem ser seguidas. A ludicidade deve estar presente em todos os momentos e, através de brincadeiras e atividades lúdicas, é possível desenvolver o social, o psicológico, o afetivo e o motor. Brincando também se aprende.
 “O jogo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo”. (CAMPAGNE, apud KISHIMOTO, 2003, p.19).
              O papel do professor é interagir intencionalmente com os alunos, fazendo a brincadeira acontecer de forma educativa, desafiando a criança de modo que ela desenvolva suas capacidades.
              A infância se caracteriza pelo brincar, e é através da brincadeira que a criança constrói sua aprendizagem sobre o mundo em que vive e da cultura que está inserida. O jogo ajuda a criança a construir suas novas descobertas, desenvolvendo e enriquecendo sua personalidade, sendo também um instrumento pedagógico que leva o professor a conduzir, estimular e avaliar a criança no processo de aprendizagem. O jogo estimula a criança, fazendo com que ela desenvolva seu raciocínio, criando outros jogos e brincadeiras.
              Os jogos muitas vezes apresentam situações em que a criança tem de enfrentar limites, fazendo com que ela conheça as regras, respeite-as e respeite o espaço do grupo, desenvolvendo sua autonomia junto com o grupo. É também jogando que a criança se revela inteiramente em toda sua espontaneidade, jogando ela expressa seus sentimentos, suas satisfações, angustias, alegrias, portanto seu objetivo maior é desinibir a criança, fazendo com que seja criativa em todas as suas ações.

O jogo simbólico ou faz de conta, particularmente, é ferramenta para a criação da fantasia, necessária a leituras não convencionais do mundo. Abre caminho para a autonomia, a criatividade, a exploração de significados e sentidos. Atua também sobre a capacidade da criança de imaginar e de representar, articulada com outras formas de expressão. São jogos, ainda, instrumentos para aprendizagem de regras sociais. (OLIVEIRA, 2002, p.159).

              O jogo em sala de aula proporciona um espaço para a descoberta, a invenção, a criatividade e auto-expressão e a autonomia. É brincando também que a criança descobre suas potencialidades e possibilidades, fazendo com que desenvolva suas habilidades intelectuais.
              Quando pensamos em atividade lúdica no meio educacional, não podemos pensar no jogo pelo jogo, mas no jogo como instrumento de trabalho em sala de aula, fazendo com que o mesmo seja um meio para atingir objetivos preestabelecidos, tornando a criança capaz de construir uma idéia própria sobre as coisas.

No sentido real, verdadeiro, funcional da educação lúdica estará garantido se o educador estiver preparado para realizá-lo. Nada será feito se ele não tiver um profundo conhecimento sobre os fundamentos essenciais da educação lúdica, condições suficientes para socializar o conhecimento e predisposição para levar isso adiante. (ALMEIDA 2003, p.63)

Isso significa que, quando se pretende levar os educandos à real aprendizagem, não se joga por jogar ou se brinca por brincar. É preciso ter claramente planejado o objetivo que se pretende alcançar e qual pretende que a criança/jovem alcance naquele determinado momento, da mesma forma que este deve ser coerente com a “brincadeira escolhida”.

Para que a brincadeira funcione realmente como facilitadora e possibilitadora da aprendizagem, o educador precisa ter em mente que ao utilizar o jogo, tenha definidos objetivos a alcançar e saiba escolher o jogo adequado ao momento educativo. (LOPES, 1999, p. 36).

              Os autores Piaget e Vygotsky, estudiosos nessa área, nos dizem que não é o jogo em si que desenvolve as capacidades das crianças, mas a trajetória mental que fazem ao jogar, as experiências em vencer e perder, a construção que fazem a partir de um simples jogo.  No processo terapêutico o papel do psicopedagogo é decisivo, pois é ele quem cria os espaços, disponibiliza materiais, participa do jogo e faz a mediação entre o paciente e o jogo, bem como, a construção do conhecimento. Se a criança ou jovem é encaminhada ao psicopedagogo é porque tem alguma lacuna aberta, algo que ainda não está sanado. Por isso é importante que o profissional conheça o histórico dessa criança ou jovem para que possa criar e utilizar recursos de acordo com sua necessidade, mas de forma prazerosa. A intervenção pedagógica deve acontecer de forma natural, formando um vínculo entre profissional e paciente.
A construção do conhecimento é o resultado de um processo social. O brincar é uma relação entre o concreto e o imaginário, a criança que brinca é capaz se relaciona com mais facilidade e interage com os outros e com o meio de forma natural. Assim, é imprescindível que o educador/psicopedagogo goste de brincar e jogar, pois ele é o mediador entre o jogo e a criança. 

Por: Lucimara da Silva Hensen

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paulo Nunes. Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. 11. ed. São Paulo: Loyola, 2003.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida.Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação.4. ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 1993.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida, O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 2003.

OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil:fundamento e métodos, São Paulo: Cortez, 2002.

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